
Eu vivo no "V" que meus dedos insistem em desenhar,
Nas formas nem sempre entendidas do meu pensar.
Vivo no costurar de algumas letras para algo novo inventar.
E em meus amigos queridos e fiéis, que questão faço de abraçar.
Vivo em uma jogatina noturna com o irmão,
No crescimento inusitado do meu gigante pé de manjericão,
E principalmente na diária e necessária meditação.
Vivo em meu desenho com traço mais que torto,
Na canção que canto alto, só para mostrar que não estou morto,
Num copão verde e gelado de água de coco.
Eu vivo feliz na gargalhada,
Naquela noite de montanha estrelada,
E no beijo gostoso na boca de quem é amada.
Vivo na criança pequena que cresceu,
Na noite de insônia do dia que ainda não amanheceu,
E certo mais que nunca,
Que vivo melhor, apenas sendo eu.
Ilustração "O Foguete": Maira